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terça-feira, 30 de novembro de 2010

MADONNA, MACROBIÓTICA E JAPÃO

A palavra "macrobiótica" vem do Grego macro, que significa "grande" ou "longo" e bios, "vida". A macrobiótica como dieta e filosofia de vida, foi introduzida pelo Japonês YUKIKAZU SAKURAZAWA (1893/1966), conhecido no Ocidente por GEORGE OHSAWA. Os preceitos básicos da dieta, incluem o consumo de cereais integrais, vegetais, incluindo algas e leguminosas, sementes e frutos secos e frescos. Comidas refinadas como arroz ou açúcar brancos, e aditivos artificiais devem ser evitados. Todos os temperos devem ser naturais, incluindo o shoyu (molho de soja), que não deve ter o seu processo de fermentação acelerado por aditivos artificiais. A isto junta-se uma mastigação lenta e cuidadosa, de forma a facilitar a digestão e optimizar a assimilação dos nutrientes.
MAYUMI NISHIMURA (na foto acima), preparou durante sete anos a comida macrobiótica de Madonna, agora com 53 anos, está de volta a Tóquio, onde espera promover um estilo de comida macrobiótica, mais contemporâneo e relaxado, que apelida de "petit macro".
A sério que não me importava de comer o pratinho de burritos vegetarianos, com cenoura, abacate e lentilhas, temperados com sal marinho e uma mistura de vinagre balsâmico e "maple-syrup", que a senhora tem na mesa. Anyone joining me?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MORTE À PENA DE MORTE

Amanhã, dia 30 de Novembro, diversas cidades Portuguesas vão juntar-se num gesto simbólico contra a pena capital em todo o mundo, iluminando com velas um monumento local. Este evento integra-se na Campanha da Amnistia Internacional intitulada "Morte à Pena de Morte" (vídeo da campanha no YouTube aqui).
 Ainda há pouco nos unimos á volta do caso Sakineh, mas não podemos esquecer que a pena de morte ainda é figura penal em 58 países, entre os quais o Japão.
Em Portugal, foi felizmente abolida há 134 anos, e li hoje as palavras de Vitor Hugo felicitando Portugal em 1876, que me pareceram mais actuais do que nunca:
"A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio. A liberdade é uma cidade imensa da qual somos todos concidadãos."

domingo, 28 de novembro de 2010

EU LOLIPOP...

Sempre viajei. Literalmente e em sentido figurado. Os que me conhecem bem, sabem que as minhas viagens mentais são o suporte da minha permanência. Os livros foram as minhas primeiras viagens, depois veio o cinema, a arte, a música e o teatro, não forçosamente por esta ordem. O Japão é para mim a viagem das viagens, mas antes de lá chegar, outros lugares ocuparam e ocupam um lugar importante na minha vida. Uma viagem para mim, são sempre cheiros, cores, paisagens, pequenos pormenores, estados de alma, pessoas. Falar-vos delas é como fornecer peças para que possam construir o mosaico que eu sou... 
O México para mim é a piscina do Hotel Deseo.
O azul e o amarelo-ocre.
Os pátios onde apetece ler Garcia Márquez.
O gosto forte da tequila sob o olhar de Frida Khalo...
A Islândia é uma praia negra semeada de cristais.
É a beleza gritante dos glaciares.
Uma paisagem lunar.
Sublime, desmedida.
A Tailândia é o dourado dos templos e palácios
misturado com o aroma do incenso.
Um barco em Bangkok.
Ruínas vestidas de panos.
Rochedos como castelos no mar.
Uma travessia para as Ilhas Phi Phi.
Nova Iorque é a Rhapsody In Blue do Gershwin.
Os filmes do Woody Allen.
O sonho de pisar a Brooklyn Bridge.
A sombra do 11 de Setembro.
E Londres...ah...Londres é um carrocel em Covent Garden.
E uma caneca de chocolate quente...

FOTOS: BANZAI

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

AOKIGAHARA - A FLORESTA DOS SUICÍDIOS

Imagine-se uma floresta densa e cerrada aos pés do sagrado Monte Fuji. Cerca de 3000 hectares dum "Mar de Árvores", em que a luz e o calor dificilmente penetram. Pinheiros e carvalhos com raízes enterradas num solo escuro e vulcânico, trilhos em que o gelo nunca derrete. Basta caminhar um pouco para deixar de ouvir qualquer som exterior. Uma paisagem belíssima mas algo fantasmagórica, mais consonante com uma sequência onírica num filme de Akira Kurosawa, do que com a própria realidade.
"O lugar perfeito para morrer"- foi assim que AOKIGAHARA foi descrita por WATARU TSURUMI. O  best-seller "Manual Completo do Suicídio", inclui mapas do local e até a indicação dos melhores hóteis para passar a última e derradeira noite. Mas, não terá sido o único escritor a referir o "Mar de Árvores" como destino dum passeio final. SEICHO MATSUMOTO na novela KUROI JUKAI (Mar Negro de Árvores), contribuiu para a popularidade da chamada "Floresta dos Suicídios".
Os espiritualistas japoneses acreditam que as almas sem repouso dos suicidas (yurei) penetraram as árvores da floresta, gerando uma actividade paranormal, que impede os que entram de voltarem a sair das suas profundezas. Há mitos associados ao não funcionamento das bússolas, tornadas inúteis pelos enormes depósitos de ferro no solo vulcânico.
Devido à vastidão da área, é pouco provável que visitantes desesperados encontrem alguém uma vez embrenhados no seu interior, por isso, a polícia espalhou tabuletas com frases que pretendem ser desencorajantes, como "Espere! Pense novamente. Você só tem uma vida. Valorize-a!" ou "Por favor reconsidere!".
 Mas, para os que já fizeram a sua escolha, talvez sejam as palavras de Tsurumi a prevalecer: "Se estiver cansado do seu trabalho e relacionamentos, e se quer cometer suicídio sem que alguém alguma vez descubra, sem hesitação eu recomendo-lhe que avance no interior do Jukai. O seu corpo não será encontrado. Você passará a ser uma pessoa desaparecida, e lentamente desaparecerá da memória de todos."
AOKIGAHARA, detém a desafortunada distinção do segundo lugar do mundo mais procurado para pôr termo à vida, sendo o primeiro ocupado pela Golden Bridge em San Francisco.
O suicídio no Japão encontra raízes arquétipas no código de honra dos samurais, o Bushido, e é visto muitas vezes com uma aura romântica.
No Ocidente, os suicidas são encarados com desagrado e constrangimento, fruto da herança judaico-cristã que considera a vida uma dádiva divina.  Longe de mim fazer aqui uma apologia do suicidio. Mas, a primeira vez que li alguma coisa sobre Aokigahara, pensei que o desespero, a angústia, a dor, a perda, a solidão profunda, são sentimentos humanos...demasiado humanos. Nesta vida, somos todos pequenas embarcações que nem sempre navegam em águas calmas, umas mais frágeis do que outras. Como nos naufrágios, há os que se agarram a bóias, tábuas...e são salvos por elas...ideais, amor, fé, pílulas...Há outros que desistem, tomados pelo cansaço de lutar, pelo desejo de ir ao fundo. Por vezes, os que desistem, podem estar muito perto de nós. Um amigo, um conhecido, um vizinho, alguém com quem nos costumamos cruzar...quem sabe um "blogger" que costumamos visitar...
Estamos próximos do Natal, época por excelência da família, da solidariedade, mas também para muitos uma época de solidão. Mais do que pensar nos que desistem, importa pensar se desistimos de alguém, se no atropelo do dia a dia, deixamos de ler nos olhos ou na voz dos que nos estão mais próximos, um pedido de socorro, uma mensagem...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A QUINTA SINFONIA EM JAPONÊS!!!!

                           

Uma adaptação da famosa Quinta Sinfonia de Beethoven, feita em jeito de paródia por um grupo vocal Japonês. Uma família discute o que vai ser o pequeno almoço (asagohan)....as opções e as ideias são tantas, que quando dão por ela...já é hora do almoço!

domingo, 21 de novembro de 2010

EU LOLIPOP...

Hoje quero fazer aqui um apelo aos amigos que me lêem e vivam em São Paulo.
Ora vamos lá à história...
Há muito, muito tempo, publiquei aqui um texto que hoje decidi repescar no baú do Banzai. Nessa altura, dediquei-o a uma amiga virtual, a Ângela, que meses mais tarde abandonou a blogosfera por razões de saúde. Há muito tempo que não sei nada dela, e pelo seu silêncio, deduzo não só que não estará recuperada como também que não recebeu o envelope que lhe enviei, por um daqueles "milagres" em que infelizmente são pródigos os correios Brasileiros.
Ora, a Ângela é uma pessoa de que gosto muito, e eu, sou uma pessoa um tudo nada impaciente. Queria que ela sentisse que não foi esquecida, queria levar-lhe uma mensagem rápida de apoio. Foi aí que de repente, tive uma ideia. Ahah...já vejo olhares de susto...lá vem a Lolipop com mais uma das suas ideias.
A Ângela, mora em São Paulo, no Bairro Aclimação. E eu queria fazer chegar até ela uma flor. Uma única flor. Pode ser qualquer uma. Acompanhada com um bilhetinho, que tivesse a seguinte mensagem:
MUITAS BORBOLETAS PARA TI ÂNGELA!
NÃO TE ESQUEÇO NUNCA!
MARGARIDA/LOLIPOP
Se houver alguém disposto a esta loucura, para saber a morada completa da minha amiga, é só escrever-me para: margarida.margui@gmail.com
"Nunca me tinha apercebido de que o oriente me era estranho até receber, numa carta que vinha de França, uma borboleta viva dentro dum envelope. (...)
Para quem não me conhece, será útil explicar que o meu desinteresse pelo oriente me vem do facto de ter lido há muitos anos um livro de Bashô, que trata de uma estrada estreita para o Norte profundo. Segui essa estrada, detendo-me em cada paragem que o poeta me indicava; mas eram tantas que ainda hoje estou a caminho do Norte, e sei que nunca aí chegarei porque Bashô me obriga a parar de cada vez que penso ter começado a ganhar balanço para avançar, sem a tentação de ficar a olhar para os pardais, para as cerejeiras que florescem a cada passo, para a neve no cume das montanhas. (...) Não é que não goste de caminhar; o que acontece é que não sei andar devagar, e muito menos de ser obrigado a essas pausas poéticas que, sendo boas para o ritmo da narrativa em Bashô, não ajudam a essa ginástica que o Ramalho Ortigão recomendava para que adquiríssemos a boa forma dos nórdicos. (...) Não estou, no entanto, a comparar o Ramalho com o Bashô. O que estou a dizer é que ambos nos conduzem ao Norte, embora o Ramalho faça com que lá cheguemos rapidamente, e o Bashô nos impeça de lá chegar. O que queria de mim aquela borboleta ou quem quer que a tivesse enviado? Não havia já dúvidas no meu espirito sobre este assunto. Alguém, que saberia da minha animosidade antiga para com o oriente, e que estaria dentro do segredo de eu ter deixado limpo de sublinhados o livro de Bashô, queria obrigar-me a voltar a ele, e acabar de o ler. O problema, agora, já não estava no próprio livro, onde a cada página eu encontrava um obstáculo que me impedia de avançar: era essa borboleta que mão anónima me enviara......que, ao ver que eu voltava uma página, voava à minha frente, obrigando-me a fechá-la e, pior ainda, a distrair-me do que tinha lido, fazendo com que tivesse de voltar atrás. O que a borboleta me dizia, agora, é que eu tinha de facto de fazer o caminho ao contrário, se queria seguir o caminho de Bashô para o Norte profundo, e de ler o livro não do principio para o fim, como fazemos no ocidente, mas do fim para o principio, como se faz com a escrita do oriente. E de cada vez que abro um livro, seja ele do ocidente ou do oriente, a borboleta passa-me pela frente, e tudo recomeça."

Texto de Nuno Júdice in EGOÍSTA, Março de 2010

PS: Pode ser loucura, mas...não é para estas coisas que a blogosfera serve?
BOA SEMANA!!
BORBOLETAS PARA TODOS!
LOLI

sábado, 20 de novembro de 2010

OS MONGES COM CABEÇA DE CESTO

As figuras bizarras que vemos na foto são monges peregrinos pertencentes a um dos ramos do Budismo Zen, o Fuke Zen. Desde o início do século XIII, até serem banidos no Período Meiji, usaram nas suas peregrinações este cesto na cabeça, que simbolizava "ausência de ego". Eram chamados komuso "monges do vazio" e, como monges peregrinos, podiam circular livremente, o que nessa época no Japão, era um privilégio. Por isso, espiões e ronins (samurais sem senhor), decidiram utilizar este disfarce, razão pela qual os komuso começaram a não ser muito bem vistos pelas autoridades.
Tornaram-se também conhecidos por tocarem bonitas melodias, as honkyoku, numa flauta chamada shakuhachi. Isso faz parte duma prática meditativa Zen, ainda hoje utilizada. Não deixem de ouvir o som.
Um fim de semana Zen para todos!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"GALERIA DOS HOMENS DE SONHO"

O livro, publicado apenas em Japonês, "Moe Danshi Gatari" (Dream Guy Gallery - Galeria dos Homens de Sonho), reúne ilustrações e textos de 52 mangaka (desenhadores de mangá) do sexo feminino, apontando o homem dos seus sonhos. O excerto que publico aqui, é uma tradução minha, duma versão que alguém transportou para Inglês. Os "salaryman" são aquilo que no Ocidente chamamos "colarinhos brancos", assalariados, empregados de escritórios em grandes corporações.
TSUKARETA RIIMAN DANSHI - (Tired Salaryman - O trabalhador cansado)
"Embora seja muito vulgar, eu gosto de "salarymen". Para ser precisa, gosto de "salarymen" cansados, vestindo fatos "cansados". Por muito que aprecie fatos de três peças, que parecem ter sido feitos em Itália, gosto mais de um fato normal, usado normalmente por um "salaryman" cansado. Ele não precisa de estar com o casaco vestido. De facto, eu gosto quando o casaco está despido, mostrando a sua camisa "cansada", com as mangas enroladas e a gravata desapertada, parecendo que trabalhou durante toda a noite (a etiqueta com o nome é um must!). Eu imagino-o recostado na área de fumadores, com uma caneca de café numa mão, e um cigarro na boca, soprando o fumo para o céu.
Os fatos são um símbolo do homem trabalhador. Pode ser exagerado, mas acredito que ser atraída por fatos é o mesmo que ser atraída por homens. Em vez de jovens nos seus 20 anos ou menos, eu prefiro-os na casa dos 30, 40 ou 50. Penas, amargura, liberdade, reconciliação - um homem que possua estas características, só pode tornar-se mais profundo à medida que se pesquisa o seu interior, é como mastigar polvo seco ou "sukonbu" (alga com vinagre).
Fatos completamente novos, vestidos impecávelmente e sem vincos, são atractivos, mas um fato a cheirar a cigarros e com alguns vincos, é mais o meu género. Um homem que tenha provado o amargo e o doce, é assim que gosto deles."

TEXTO E ILUSTRAÇÕES: KOU YONEDA

PS: Nunca comi polvo seco, ou alga com vinagre, mas este retrato masculino agrada-me.

domingo, 14 de novembro de 2010

EU LOLIPOP....

Já imaginaram estar, digamos assim, instalados em casa de alguém, e não conhecerem o anfitrião, nem as razões que o levaram a dispensar-vos um quarto? Bom, é por isso que hoje gostava de vos apresentar MARK  ZUCKERBERG...
Para quem não conhece, o miúdo da foto, hoje com 26 anos, teve aos dezanove a brilhante ideia de criar uma rede social que hoje conta com a adesão de 500 milhões de pessoas (se fosse um país seria o terceiro mais populoso do planeta) -  o Facebook. Graças a isso, tornou-se no mais jovem multi-milionário do mundo, o cinema fala sobre ele na última obra de David Fincher "A Rede Social", e nas livrarias  há um livro de Ben Mezrich que serviu de base ao filme, "Milionários Acidentais". Para quem quiser conhecer mais detalhes da "viduska" deste "geek" (expert obcecado por tecnologia), asseguro-vos que a net está cheia de informação, não é disso que vou falar aqui, mas já agora uma curiosidade - o co-fundador do Facebook, foi um Brasileiro, Eduardo Saverin, na altura o melhor amigo de Zuckerberg e que este terá supostamente "despachado" assim que a ideia viu melhores dias.
Acontece que ultimamente tenho visto multiplicar-se os convites feitos por amigos e conhecidos para que passe a "estar" no Facebook. Apesar da insistência simpática, continuo a não "estar", e há dias li uma entrevista num jornal em que questionavam um "geek" Português acerca do que pensava sobre os que não "estão" lá.  Foi a resposta que me levou a escrever isto. "ESSES NÃO INTERESSAM. VÃO DESAPARECER."
HELLO!! EU ESTOU AQUI! Não vou deixar que me apaguem do mapa por não pertencer a uma rede social cujos "Porquês" Zuckerberg remete para a palavra "conectar", como se ela fosse sagrada só por si - "Pois, a ideia é, ummm!, que o site ajude toda a gente a ligar-se e a partilhar informação com aqueles com quem querem estar ligados."
A qualidade da conexão ou da informação partilhada, o facto das pessoas estabelecerem vínculos fracos ou superficiais, aparentemente não lhe interessa, nem parece incomodar os milhões que utilizam esta plataforma. Ah! Não é bem assim. Quando o Facebook alterou as sua políticas de privacidade, permitindo que mais informações pessoais se tornassem públicas, houve miúdos gays que de repente "deixaram" de o ser, fotos de festas retiradas e conteúdos políticos atenuados. O problema é que na vida real, nós podemos ser o que queremos com as pessoas certas. Mas, Zuckerberg declarou que a era da privacidade acabou. E as queixas de alguns, foram resolvidas dividindo os "amigos" em "cliques", alguns podem ver mais dum perfil do que outros. Imaginem se nos blogues o acesso a determinadas imagens ou fotos fosse determinado por "cliques"...
Entretanto, o Facebook, foi invadido pelos políticos e pelas marcas, o que faz com que as pessoas sejam amigas de objectos e instituições. O Open Graph, uma inovação criada na rede social em 2008 encoraja a "mentalidade de pacote", permitindo-nos ver tudo o que os nossos amigos estão a ler, a ver, a comer. Isso por si não seria um problema, o que se passa é que, como diz um dos visionários da Internet, Jaron Lanier, "Antes de partilhar, é preciso ser alguém." Mas para Mark Zuckerberg, partilhar as nossas escolhas com toda a gente e eventualmente seguir o que a maioria faz, é que é ser alguém.
Tudo no Facebook está reduzido ao tamanho do seu fundador. É azul porque essa é a cor preferida de Mark, é preocupado com trivialidades pessoais porque para ele a troca dessas trivialidades é a amizade.
Um software nunca é neutro. Nós podemos saber o que estamos a fazer nele, mas estamos alertados para aquilo que ele faz conosco? Será que está de facto a preencher as nossas necessidades? Ou estamos nós a reduzi-las para nos convencermos que o software não é limitado?
Zadie Smith, uma escritora de que gosto muito, escreveu a propósito do Facebook: "Quando um ser humano se transforma numa série de dados num website como o Facebook, ele ou ela é reduzido. Tudo encolhe. Carácter individual. Linguagem. Sensibilidade. Amizades..."
Pois eu, que não estou no Facebook, esta semana fui visitada duas vezes pela doçura da amizade em forma de presente.
Foi um amigo muito querido para as duas, o Hamilton Kubo, que num dia feliz nos juntou. Assim que fui ao INQUIETUDE DO PENSAMENTO, o blogue da Lívia Azzi, foi amor à primeira vista. Partilhámos o gosto pela leitura, a necessidade de reflectir, aprofundar, conhecer. Quando as interacções nos comentários não chegaram, passamos a trocar e-mails. Tenho uma grande admiração pela cultura e pelo espírito inquieto da Lívia. Clarice Lispector é uma escritora em que eu sou apenas iniciada, mas de quem a Lívia é conhecedora e apaixonada. Foi um livro de Clarice, enviado pela querida Lívia, que recebi pelo correio vindo de além mar e embrulhado com todo o carinho do mundo!
Dentro do livro uma dedicatória: Um carinho para selar nossa "matéria de salvação"...Lívia, a minha felicidade não foi nada clandestina mesmo...tive que mostrar o livro a toda a gente!
OBRIGADOOOOOOOOO QUERIDA AMIGA!
Bom, e quando eu achei que já chegava de emoção, recebi um outro envelope, desta vez vindo do país vizinho, de Espanha, duma amiga também Brasileira, com uma história de vida que admiro muito, e um blogue que é um doce, onde coloca os trabalhos lindos que ela própria faz.
Esta foi a caixinha que recebi da Lili do blogue LILILOOKS, e dentro estava...
...numa bolsinha a cheirar a alfazema este alfinete para pôr no peito, lindo e delicado como a Lili.
OBRIGAAADO QUERIDA LILI!!
E depois disto digam lá se eu preciso de estar no Facebook?
PS: Sei que o post é grande, mas até quinta-feira, não vou voltar a fazer outro...afinal de contas tenho um livro para ler, e um alfinete para levar a passear... 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A ARTE DO SHODO

"Sho" significa caligrafia e "Do" caminho. Chama-se Shodo (Shodou), à arte japonesa de escrever ou desenhar caracteres sobre papel, normalmente de arroz (washi), utilizando pincel e tinta preta de carvão (sumi).
 O traço do pincel tem que ser único, sem retoques posteriores. Um shodo, pode conter um ou mais caracteres, a peça pode ser um poema, um provérbio ou qualquer outra coisa. No shodo, uma arte com três mil anos, cada peça é única e irrepetível
 Por mais que dois shodo tenham os mesmos caracteres, nunca serão iguais. O diferente manusear do pincel, produz traços com densidades distintas e nuances subtis de preto e cinza. O papel artesanal em que o artista trabalha, possui frequentemente fibras e vincos, que fazem com que a tinta fique "esborratada" produzindo um efeito estético muito bonito.
 Tradicionalmente, os shodo, devidamente emoldurados eram colocados no tokonoma (local de honra) das casas. Hoje, podem ser encontrados a enfeitar as paredes dos sítios mais diversos.
Confesso que comprei no Japão um livrinho com alguns exemplos de shodo e já fiz as minhas próprias experiências, muitas foram rasgadas, mas outras foram mais ou menos aprovadas, e ainda enfeitaram paredes, durante algum tempo. Agora, acabou-se-me o washi!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

OS ROBOTS TAMBÉM DANÇAM?

No Japão, os robots dançam. Pelo menos a versão feminina do HRP-4C parece não se sair mal, depois dum ano de aprendizagem com o bailarino e coreógrafo Sam-san. 
A coreografia, apresentada na Digital Content Expo em Tóquio, contava também com a participação de quatro humanos.
A música é uma versão vocaloid (sintetizada) de "Deatta Koro no Yô ni" (Every Little Thing).
No video abaixo, música e dança...com alma de humanóide.

PS: Para o caso de não terem reparado, o Banzai tem um "Kimono" novinho em folha. Um lay-out feito com muito carinho pela super talentosa MERI PELLENS. Querem mudar de fatinho? O link da Meri, está sempre na minha barra lateral. Vamos lá, é altura de vestir a nova colecção Primavera-Verão ou Outono-Inverno.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

CONQUISTAR MONTANHAS

"Nestes nossos dias prosaicos, há uma moda entre os jovens Japoneses de escalar montanhas, só pela escalada; e eles chamam a isso "conquistar as montanhas".(...) Esta é uma moda sem dúvida importada do Ocidente, em conjunto com muitas outras, nem sempre as melhores (...). A ideia da assim chamada "conquista da natureza" vem, suponho, do Helenismo.(...) Nós no Oriente nunca concebemos a natureza na forma de um poder opositor. Pelo contrário, a natureza foi sempre amiga e companheira, apesar dos frequentes sismos que assaltam esta nossa terra. (...) Sim, nós também escalamos o Fuji, mas não com o propósito de o conquistar, antes para nos deixarmos impressionar com a sua beleza, grandeza e isolamento, e também para contemplarmos um sublime nascer do sol surgindo por trás de nuvens multicolores."

in Zen and Japanese Culture, Daisetz T. Suzuki
Foto via Flickr.

domingo, 7 de novembro de 2010

EU, LOLIPOP...

Queridos amigos e seguidores,
O Banzai é, e será sempre, um espaço que reflecte a minha paixão pelo Japão. Mas, e aqui acho que todos concordarão comigo, um blogue é como uma tela...branca no inicio, preenchida pouco a pouco com pinceladas de cor, devagarinho ganhando contornos, formas mais definidas, mas sempre um local de criação livre para o seu autor. Por isso, e porque não me passa sequer pela cabeça criar outro blogue, vou acrescentar a este uma nuance que me permita publicar uma vez na semana, qualquer coisa que, não estando ligada ao País do Sol Nascente, faça parte de mim, do que eu sou, do que eu leio, do que me preocupa, da minha paisagem mental, da minha geografia imaginária.
Inauguro hoje oficialmente este post dos Domingos:
EU, LOLIPOP...
Descobri por mero acaso, uma história que falava duma escritora Italo-Brasileira, MARINA COLASSANTI, nascida na antiga colónia Italiana da Eritreia em 1937, e a viver no Brasil desde 1948.
Fiquei deslumbrada com os poemas dela. Deixo-vos com um deles, que me parece ser uma excelente reflexão sobre a vida e o que fazemos dela.
Boa Semana!
Ternuras
LOLIPOP

Eu sei, mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.


Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.


A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colassanti

ZAZEN - MEDITAÇÃO ZEN

Os adeptos da filosofia Zen  dizem que uma mente "não-Zen" persegue ideias como um macaco corre atrás de amendoins. Zen é treinar a mente para que, desperta para o bater do universo, possa permanecer ao mesmo tempo relaxada e calma. Isto implica supostamente esvaziá-la das preocupações do dia a dia, sejam elas uma comichão num pé ou aquele sonho recorrente de ganhar no Euromilhões uma quantia suficientemente grande para poder ir viver para o Japão o resto da vida. Sem brincadeiras, a prática Zen, exige uma rígida disciplina física e mental.
O templo de Chokoku-ji, em Nishi-Azabu, Tóquio, todas as segundas-feiras no final do dia, oferece uma oportunidade aos curiosos: uma pequena escapadela Zen. Rick Kennedy, no livro "Little Adventures in Tokyo", descreve essa experiência:
"Apresente-se ás 6.45pm na área de recepção. Descalce-se, guardando os sapatos na prateleira da genkan, a entrada. Ajoelhe numa almofada face á pequena mesa e inscreva o seu nome no livro do templo, deixando a pequena quantia de 100 yen na caixa de ofertas. Um dos monges há-de conduzi-lo através dum corredor estreito até um "tatami room" onde se poderá desfazer das meias, relógio ou qualquer peça de roupa que o possa incomodar. Sendo um neófito, será levado novamente para a recepção, onde deverá esperar juntamente com todos os outros neófitos por um monge que os conduza ao Hon-do para receber instruções quanto à forma de se sentar, colocar as mãos enquanto anda, como fazer gassho para saudar outra pessoa, o modo apropriado de se sentar na almofada na clássica posição zazen, tornozelo direito na coxa esquerda, tornozelo esquerdo na coxa direita, costas absolutamente direitas, olhos semi fechados, respirando regularmente (...). Tudo é explicado em japonês, mas é suficientemente claro. (...) Precisamente às 8pm, passa-se ao Zen-do. Os praticantes experientes, já lá estão. na posição requerida, de face para a parede. (...) E ali estamos nós. Os pensamentos giram à nossa volta como mosquitos, e estamos mais desconfortáveis do que algum dia já estivemos. As pernas em fogo. Mas, a sala com 60 pessoas está absolutamente silenciosa, ninguém parece mexer um milímetro ou produzir o mais pequeno som. Gradualmente deixamos de sentir as pernas e os nossos pensamentos tornam-se "fuzzy, drifting, lazy". É então que o mestre fala suavemente e começa o canto dos sutras, depois o som do enorme tambor e o bater rítmico de blocos de madeira. E acabou. Estivemos sentados 40 minutos." Os monges em aprendizagem sentam-se em Zazen (meditação Zen) durante seis horas por dia, regulando o corpo e a respiração, atingem o mu (um estado de receptividade sem conflitos). Sete vezes no ano há retiros em que praticam Zazen desde as 3am até às 11pm.

Foto: BANZAI, Parque de Ueno, Tóquio

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O BUDISMO ZEN NO PERÍODO ASHIKAGA

O clã Ashikaga  dominou o Japão de 1336 a 1573. Este Período é também conhecido como Muromachi, nome retirado duma rua de Quioto onde um dos shoguns Ashikaga teria estabelecido a sua residência, Hana no Gosho ou Palácio das Flores, pela abundância de flores nos seus jardins.
O ramo Zen do Budismo, já se tinha tornado predominante no Japão durante a época que o antecedeu, o Periodo Kamakura. Zen, vem da palavra Dhyan, que significa meditação em supremo repouso, e foi introduzido na China por volta do ano 520 por Bodhidharma, um principe Indiano que se tornou monge.
A filosofia Zen, influenciou largamente os samurais. Não usar a espada, mas ser a  espada - pura, serena, imóvel - tal era o ideal dos guerreiros Ashikaga. O seu treino centrava-se num perfeito auto-controle, a essência da verdadeira liberdade. As mentes iludidas, mergulhariam na escuridão, porque tomavam o atributo pela sua substância. Este pensamento era muitas vezes ilustrado, com o exemplo dos macacos que procuravam agarrar o reflexo da lua na água, a cada esforço conseguindo apenas aflorar a imagem espelhada, e por fim, não só destruindo essa lua fantasma, como acabando por se afogar.
O corpo é um vaso de cristal através do qual o arco-íris da Grande Existência brilha. A mente é como um grande lago, relectindo as nuvens acima dele, por vezes encrespado por ventos perturbadores, mas logo retornando à sua calma original, nunca perdendo a sua pureza, ou a sua verdadeira natureza. O mundo enche-se com um pathos de existência, paixão, sofrimento, que são, no entanto, meramente acidentais, e devemos batalhar e guerrear como se fosssemos para uma comemoração.
A vida, a arte, e até a cerimónia Japonesa do chá, beberam dos ensinamentos Zen.Tal como a vida do Universo pulsa sob as mais simples aparências, assim a beleza é mais profunda no interior do que nas suas manifestações externas. Sugerir, não mostrar, é o segredo da perfeição.
Fonte: The Ideals of The East, Okakura Kakuzo
Imagens da net

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

GAIVOTAS SEM ASAS...

Não podia voltar aos temas habituais, sem virar uma página.
A execução de Sakineh foi adiada. Dizem-nos. Acreditamos. Talvez o nosso protesto tenha contado. Talvez tenha sido apenas uma gota de água. Mas o que importa é que unimos vozes e fizemos correr rios de descontentamento. E desta vez não nos vamos esquecer dela. Não lhe deram a liberdade.
Agradeço a todos os que comentaram, divulgaram e fizeram links para o post do banzai. Assim que me for possível hei-de percorrer todos os blogues que ainda não visitei. 
Hoje deixo-vos com as palavras dum comentário da poetisa MARIA JOSÉ AREAL...
"A impotência é a maior inimiga da acção.
Que mundo este, que mundo onde a vida nada vale,
onde o poder tudo pode
e as aves são derrubadas
mesmo quando já nem para o céu podem olhar!
Corra mundo a nossa indignação, para que não
hajam mais gaivotas sem asas."

Amanhã regresso ao País do Sol Nascente...
Mata ne
TERNURAS
LOLIPOP

terça-feira, 2 de novembro de 2010

SAKINEH MOHAMMADI - ASHTIANI - PARA TODAS AS BLOGUEIRAS E BLOGUEIROS!

Desculpem-me mas o Sol Nascente fica para amanhã. É que eu Lolipop também sou humana e este é o cantinho que tenho para me manifestar.
Lembram-se da SAKINEH?
Aposto que sim. Vi este rosto em muitos blogues, assinaram-se petições para evitar que esta Iraniana, acusada de adultério, fosse barbaramente condenada á morte por apedrejamento. Aparentemente os carrascos cederam. Falou-se até numa possível libertação. O caso Sakineh deixou de ser lembrado e comentado. Afinal de contas são tantas as causas a que temos que responder, e o Irão fica tão longe...Pensámos que tínhamos ganho uma vitória contra a barbárie. Mas os bárbaros estavam apenas á espera que a opinião pública internacional se cansasse, se calasse.
Depois, calmamente calaram as vozes internas mais preocupantes. O filho e o advogado de Sakineh foram presos a 10 de Outubro. Desde 11 de Agosto que as visitas foram proibidas, e o regime fabricou, na sombra, um novo cenário, anunciando que "de acordo com as evidências existentes, a sua culpa (de Sakineh) foi confirmada". Culpa? Que culpa é essa, que a fez ser punida com 99 chicotadas? Que culpa pode condenar alguém a uma morte cruel, desumana, atroz? Que culpa lhe atribuem para não a apedrejando, ainda assim a enforcar?
Foi contra isso que nos manifestámos, esquecendo que devíamos ter ido até ao fim pressionando, exijindo que a libertassem.
Hoje, fui alertada. Procurei na net. Está aqui, e aqui, em vários sites. Foi dada ordem para a execução de Sakineh, por enforcamento. A data indicada é amanhã, 3 de Novembro.
Temos 24 horas para usar os nossos blogues, as nossas vozes, para mostrar que não esquecemos Sakineh, que estamos atentos e que denunciamos não só a barbárie mas também a injustiça.
Sei que posso contar convosco!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

POEMAS DE AMOR DO MAN'YÔSHÛ

O MAN'YÔSHÛ, é a primeira antologia de poesia Japonesa, e é considerada por muitos, uma das mais importantes de sempre, no que toca à poesia lírica.. Dela constam cerca de 4500 poemas, datados dos séculos VII e VIII, o Período Nara, idade de ouro da cultura nipónica. Muitos dos poemas pertencem á categoria de sômon (trocas pessoais), e foram escritos com as trinta e uma sílabas que caracterizam o tanka.
É importante perceber, que nessa época, a distinção entre o pré e o pós nupcial, não era nítida como na era actual. Não havia cerimónias nem banquetes, e os casamentos assumiam a curiosa forma de "visita à esposa", sendo o amor e a paixão os únicos a ditar as regras. A monogamia não era considerada requisito essencial, e o amor "extra-matrimonial" era cantado sem o mínimo sinal de culpa.
Do MAN'YÔSHÛ, só tenho uma selecção (em Inglês) de algumas dessas "trocas pessoais", reveladoras do eros e do pathos desses amantes que viveram no primeiro período florescente da sofisticada cultura Japonesa.
As I stay here yearning
while I wait for you my lord,
the autumn wind blows
swaying the bamboo blinds
of my lodging.

Princess Nukata

Enquanto eu aqui anseio
esperando pelo meu senhor
o vento de Outono sopra
balançando as persianas de bambú
do meu quarto.

Princesa Nukata
The silk-tree flower that blooms in the day
close as it sleeps,
yearning through the night.
Should only its lord look upon it?
You too, my vassal, enjoy the sight.

Lady Ki

A flor da árvore da seda que desabrocha de dia
fecha-se enquanto dorme
ansiando durante a noite.
Deverá apenas o seu senhor olhá-la?
Tu também, meu vassalo, desfruta a sua visão.

Lady Ki
I stay here waiting for him
in the autumn wind my sash untied,
wondering, is he coming now,
is he coming now?
And the moon is low in the sky.

Ôtomo Yakamoshi

Eu estou aqui esperando por ele
o meu cinto desapertado
perguntando-me, será que ele vem agora,
será que ele vem agora?
E a lua está baixa no céu.

Ôtomo Yakamagoshi

in  Love Songs from the Man'yôshû, ilustrações de Miyata Masayuki

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